Rozymario Bittencourt
Jornalista e analista de dados especializado em tecnologias do agronegócio, com foco em agricultura de precisão, sensoriamento remoto e ciência de dados aplicada à cafeicultura. É criador de Safra do Café.

O uso de imagens de satélite para monitorar áreas de café tem avançado no Brasil, devido aos benefícios que a ciência vêm mostrando com o uso desta tecnologia.
Dentre os satélites possíveis de serem utilizados, estão os que são disponibilizados de forma gratuita pela missão Sentinel-2A e 2B, da
Agência Espacial Europeia.
As imagens do Sentinel-2 cobrem todo o território brasileiro com alta resolução (10 m por pixel) e permitem acompanhar mudanças na lavoura a cada 5 dias (desde que não haja cobertura de nuvens), identificando rapidamente sinais de estresse hídrico, problemas nutricionais ou variabilidade de vigor.
Veja neste artigo
como usar imagens de satélite no café, incluindo uma visão prática sobre os índices de vegetação e detalhes do sensor MSI (Multispectral Instrument), responsável pela captura das imagens. Boa leitura!
O monitoramento de áreas de café com
imagens de satélite oferece várias vantagens, sendo as principais:
Com essas informações,
produtores de café, consultores e empresas deixam de depender apenas de avaliações pontuais, reduzem o tempo de visitas, que geram custo, e passam a ter uma visão contínua da lavoura em menor tempo e de graça.
As imagens do Sentinel-2AB são geradas a partir do sensor MSI, cujos detalhes você vê abaixo.
O MSI é o sensor óptico que capta as imagens do Sentinel-2A e 2B. Ele observa a superfície terrestre em 13 bandas espectrais, que vão do visível ao infravermelho de ondas curtas.
Essas bandas capturam diferentes propriedades biofísicas da vegetação, como clorofila, umidade, estrutura foliar e densidade do dossel.
Resolução espacial
O MSI possui 3 resoluções diferentes, dependendo da banda:
Resolução temporal
O Sentinel-2A e 2B combinados fornecem imagem nova a cada 5 dias no Brasil. Se uma imagem vier com nuvens, geralmente a próxima está limpa.
Para monitorar o café, um cultivo perene, essa frequência é mais do que suficiente para acompanhar o desenvolvimento ao longo do ciclo de produção, desde o pós-colheita até a pré-colheita.
Quais bandas do MSI influenciam mais na análise do café e por quê?
No uso de imagens do Sentinel-2AB para monitorar o café, algumas bandas espectrais merecem destaque:
1. Banda do Infravermelho Próximo (NIR – B8 / 10m)
É uma das bandas mais importantes para vegetação:
O NIR é excelente para avaliar vigor, atividade fotossintética e biomassa foliar. Café com dossel fechado apresenta valores altos.
2. Bandas Red Edge (B5, B6, B7 – 20m)
São bandas sensíveis à clorofila. Estão na transição entre o vermelho e o infravermelho, e respondem rapidamente a:
O café possui folhas perenes ricas em clorofila. Pequenas alterações nutricionais aparecem primeiro no Red Edge, antes mesmo do NDVI mostrar diferenças.
Essas bandas são cruciais para índices como NDRE e CCCI.
3. Banda Vermelha (Red – B4 / 10m)
É essencial para medir a absorção de luz pela clorofila. A banda vermelha é usada em quase todos os índices tradicionais, especialmente no NDVI. Onde há menos vigor, o vermelho aumenta sua refletância.
4. Bandas SWIR (B11 -- 60 m; B12 – 20m)
Capturam a água presente:
O estresse hídrico é uma das principais causas de perda produtiva no café. Bandas SWIR ajudam a identificar:
São fundamentais para índices como NDWI, NDMI e NBR.
5. Banda Verde (B3 – 10m)
Útil para acompanhar vigor e teor de clorofila superficial. É a base de índices como GNDVI, usado para avaliar nutrição nitrogenada no dossel.
Principais índices de vegetação para monitorar o café
Veja os índices mais usados no sistema
Safra do Café e o que cada um deles mostra:

Como interpretar os índices na lavoura de café
O mais importante é combinar índices diferentes:
NDVI → vigor geral
NDRE → clorofila e nutrientes
NDWI → água
NBR → estresse severo
Assim o produtor vê um diagnóstico mais completo.
Conclusão
O sensor MSI dos satélites Sentinel-2A/B é uma das melhores ferramentas para
monitorar o café no Brasil, oferecendo imagens gratuitas, com alta resolução espacial e temporal.
Suas bandas, especialmente NIR, Red Edge e SWIR, permitem analisar vigor, clorofila e água no dossel com precisão.
Ao utilizar
índices de vegetação e acompanhar séries históricas, o cafeicultor ganha um mapa detalhado da lavoura, identifica problemas cedo e toma decisões mais assertivas.
Se você quer ter esses dados de forma simples, automática e já organizados para o café, experimente o sistema
Safra do Café.
Veja o vídeo abaixo: