EUA retiram tarifa de 40% sobre café em grão, mas solúvel ainda enfrenta 50%

O setor cafeeiro nacional recebeu um alívio significativo com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de revogar as tarifas de 40% sobre 212 produtos brasileiros, incluindo o café em grão não torrado.
A medida, anunciada dia 20/11 e comemorada pelo diretor do Cecafé, Marcos Matos, como um "presente de Natal antecipado", visa recompor as exportações que haviam caído pela metade para o mercado americano nos últimos meses.
A decisão foi tomada após conversas com o presidente Lula e levou em conta a pressão inflacionária nos EUA, onde preços do café haviam subido.
No entanto, a notícia não foi totalmente positiva: o café solúvel, assim como outros produtos como mel e pescados, permanece sujeito à taxa máxima de 50%. Essa distinção mantém um desafio para parte importante da indústria de processamento nacional.
A abertura parcial ocorre em um momento em que o agro brasileiro demonstra resiliência. Mesmo com a vigência das tarifas nos últimos meses, as exportações do setor seguem em trajetória recorde, com previsão de atingir US$ 170 bilhões neste ano.
No trimestre sob o "tarifaço", as vendas totais do agro cresceram 5,4%, alcançando US$ 44,7 bilhões.
Contudo, o impacto foi sentido diretamente no comércio bilateral: as exportações para os EUA caíram 28%, somando US$ 2,2 bilhões, com o volume de café vendido aos americanos registrando uma queda de 40%.
O anúncio da Casa Branca, portanto, abre uma janela de oportunidade para o café em grão recuperar seu espaço, enquanto o setor de solúvel ainda aguarda por uma solução.
A administração Trump sinalizou que continuará a usar todas as ferramentas para defender seus interesses, indicando que as negociações comerciais entre os dois países estão longe de serem encerradas.
E com a retirada das tarifas, houve uma reação imediata no mercado futuro. Os contratos de café arábica na bolsa ICE despencaram mais de 6%, chegando a mínimas de dois meses e fechando em queda de 4,6%, a US$ 3,5925 a libra-peso.
O café robusta, base para o solúvel, também recuou 5%. A queda reflete a expectativa de um fluxo maior de grãos brasileiros sem a sobrecarga tarifária, que havia contribuído para um aumento de 40% nos preços ao consumidor nos EUA em setembro.
Especialistas, no entanto, veem um limite para o recuo. Um trader europeu destacou que o mercado global de arábica ainda é deficitário, com estoques baixos e uma oferta curta.
Apesar do alívio tarifário, fatores como os riscos climáticos da La Niña no Brasil devem sustentar os preços, tornando improvável uma queda abaixo da marca de US$ 3 por libra. O movimento é mais um ajuste do que uma mudança estrutural de tendência.
Com informações da Agência Brasil, Folha de S.Paulo, Band e CNN Brasil










